23 de abr. de 2007

Percebes...Peniche


Muitos vão a Peniche e pouco percebem da terra que acaba por estar ligada à Revolução que comemoramos daqui a pouco tempo. Outros percebem o verdadeiro significado e simbolismo daquele forte que foi, durante um largo período, prisão politica onde se pretendia calar as vozes discordantes do regime. Nos dias que correm torna-se premente explicar aos jovens o verdadeiro significado de Abril. Sem sentidos de Direita e Esquerda...que cada vez mais soam sem graça alguma. É altura de clarificar os jovens sobre as vantagens da democracia para deste modo os cativar, sem histórias de papões de Direita e revolucionários imaculados de Esquerda. A Esquerda que foi vitimizada durante o Estado Novo, e refiro-me ao grande baluarte da oposição centrado no Partido Comunista, não pode querer fazer o mesmo à Direita, caindo deste modo no lema "faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço".
É interessante abordar estas temáticas com os alunos do 12º ano que beneficiam da disciplina de História, acabando por ser sortudos dado que para os outros alunos, com um pouco de sorte a última vez que falaram do 25 de Abril foi no 6º ano de escolaridade, dada a impossibilidade de lá chegar no 9º ano devido à extensão dos programas. Muitos dos alunos mostram-se surpresos pelo desenrolar dos acontecimentos bombásticos e bem quentes do após-25 de Abril. Nunca tinham ouvido falar disso! E verdade seja dita, quase ninguém fala do PREC e do extremismo que se viveu no pós-revolução.

Nestes meus poucos anos de ensino proporcionei por 3 vezes aos meus alunos um encontro com o "camarada" Dias Lourenço, célebre pela fuga hollywoodesca da prisão, tendo sido o último no local de onde se efectuou a referida escapadela, ou seja na Prisão/Fortaleza de Peniche. Os dois primeiros encontros foram no colégio, onde gentilmente se prestou a vir falar aos alunos sobre a vida na clandestinidade e as atrocidades cometidas pelo regime do Estado Novo. Para além do diálogo com os alunos no auditório prestou-se a acompanhar-me no meu dia de aulas pelas turmas que tinha naquele dia.
É com acções pedagógicas centradas em atitudes que demonstram valores de tolerância, liberdade e equilíbrio que se pode pensar cativar os jovens para uma participação activa na vida pública, com uma consciência plena de uma cidadania responsável. Criar a ideia que o Estado somos todos nós e não os deixar motivar ou desmotivar pelos políticos que tentam inflamar as opiniões com jogos de poder entre Esquerda e Direita. Acabam por cair no ridículo e incitar os jovens a entrar em esquemas pouco dignificantes para um regime que se quer democrático, como o são os grupos extremistas.
Ainda esta semana ao ouvir o discurso inflamado do Dr. Mário Soares que acusa a Direita de estar a maquinar as trapalhadas da licenciatura do Sr. Sócrates, fazendo crer que pelos vistos os jornais, as televisões e pessoas como António Barreto, entre outros intelectuais de relevo...são todos uns papões de direita, pensei na urgência de uma renovação profunda nesta geração de políticos que faz das batalhas de Esquerda-Direita os seus cavalos de batalha.

Eu no Sábado levei os meus filhos a Peniche e tentei explicar-lhes de forma simples e objectiva o que foi a Prisão Política...e no fim acabei a comer uns deliciosos percebes.

O que é preciso é perceber que os percebes de Peniche estavam deliciosos... assim como o significado daquela fortaleza que estava diante do nosso olhar.

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11 comentários:

Unknown disse...

Há muito que não passava por aqui..
É sempre um prazer para os sentidos, este blog do "Arqueólogo-Moura"...
Os percebes de Peniche :-) ... belas recordações...ao prová-los o sabor a Mar é imediato...
Bem haja

http://pirat-downunder.blogspot.com/

Maria disse...

Era bom que todos os professores tivessem a preocupação de informar os jovens sobre a verdade da revolução do 25 de Abril.
Para que nunca mais aconteça o que foi banido nesse dia.
Voltando a Peniche, e à fotografia dos percebes, não é que agora mesmo ia um pratinho?
Sabes como gosto mais deles? Acabados de apanhar na Berlenga, cozidos em água do mar...
Um dia destes já marcham...

Anônimo disse...

E eu percebi que não basta perceber o que de imediato é percebível. Há que percepcionar a realidade sem relativismos de percentista. Isto entendi eu, perceptivelmente, sem grandes perscrutações. Sei e sinto que mais perceptível se tornariam as perseguições antecedentes de Abril e as persverança do depois, em toda a sua perspicuidade, se seguisse tais silogismos com percebes sem sal (sem sal? Que insanidade! Mas está lá a sibilante...) sempre com cerveja e consigo amigo estimado.
Saudosa saudação
N

Naneninonu disse...

Que bom.. hum... adoro comer perceves quando vou a Peniche. Tenho uma amiga minha q n me deixa ir a Ribamar sem comer uma boa sapateira, camarão e perceves. Já agora, gostas de lapas? hum...

Jokitas

Al Cardoso disse...

Pois e caro amigo, temos que ensinar aos mais novos, que as coisas nao foram nem oito nem oitenta, tanto durante o "Estado Novo" como durante os primeiros anos da "Democracia"!

Percebi que gosta de percebes.

Um abraco d'Algodres.

Tozé Franco disse...

Gostei da esquerda imaculada.
Já fui a Peniche com alunos, já lá ouvimos o Dias Lourenço a contar, no próprio local, como tinha sido a fuga. Já ouvimos falar, pelo menos três vezes sobre os horrores da ditadura. É importante para os alunos ouvir estas histórias contadas na 1ª pessoa.
É importante para os alunos ouvir falar no 25 de Abril e saberem que vivemos longos anos numa ditadura.
É importante valorizar o facto de vivermos numa democracia.
Mas também é importante saber que os imaculados de que falas também já apoiaram outras ditaduras, aquelas em que se dizia que os amanhãs cantariam, que o lobo deixaria de comer a ovelha, b´lá, blá, blá....É aquele princípio que conhecemos bem "Todas as ditaduras são iguais mas umas são mais iguias do que outras".
Não haja dúvidas que, sendo um colégio ligado à Igreja Católica, mostrámos a abertura necessária para fazermos estas aulas, ao contrário de outros que, com as suas balelas sobre a importância da escola pública, nos querem enfiar pelos olhos o pensamento único. Vejam lá se aprendem algo.

Sei que existes disse...

Adoro Peniche e percebes também!...
E acho muito importante ensinar-se aos mais novos o sentido do 25 de Abril!
Deves ser um bom professor!
Bjs

Meg disse...

Peniche de muitas palavras...
Percebes de Peniche e os amigos também...
Já o Forte é outro filme, filme longo e tenebroso.
Cada palavra, a sua conotação.
E tu, professor de História, tens muita História para ensinar.
Um abraço

Anônimo disse...

uma ideia boa...
...porke nao trazer esse senhor ao colegio!

Anônimo disse...

Vim, de novo, ver este sempre simpático blogue pela sua qualidade e interesse, e deixar um voto de apreço. É tudo muito bonito e agradável.

Anônimo disse...

Ena!
Estiveste bem pertinho de mim ;)

A grande fortaleza...

1 beijinho =^.^=